A inadimplência no agronegócio brasileiro tem crescido e ameaça o financiamento da próxima safra de verão. Enquanto o crédito rural bancário mantém índices históricos entre 2% e 4%, o crédito privado via Cédula de Produto Rural (CPR) já alcança de 8% a 12% em anos de quebra de safra ou choque de preços.
Em 2023, a queda no valor da soja combinada ao aumento dos custos de produção elevou a inadimplência privada para o dobro do nível normal em algumas regiões. Segundo Israel Malheiros, economista e COO da fintech Vertrau, fatores como seca, excesso de chuvas, geadas e falhas na gestão financeira contribuem para o cenário de risco.
Diante das restrições no crédito tradicional, a CPR financeira tem se consolidado como alternativa estratégica para produtores rurais. O título pode ser emitido por pessoas físicas, empresas do setor agropecuário e cooperativas, desde que haja capacidade produtiva ou garantias reais.
Além de financiar a safra, a CPR pode ser utilizada para quitar dívidas anteriores, trocando passivos caros por operações com prazos mais longos. Apesar das vantagens, Malheiros alerta para os riscos envolvidos, como quebra de safra, volatilidade cambial e execução de garantias, que exigem análise criteriosa antes da emissão.
A regulamentação da CPR eletrônica e o interesse crescente de investidores ampliam a liquidez e reforçam o papel do instrumento como fonte de capital para o campo.